Todo mundo já levou uma cantada na vida. Seja de pedreiro, motorista de caminhão, taxista, guarda de trânsito, policial, e etc. Fico me perguntando: o que leva uma pessoa a se comunicar com outra desconhecida e dizer uma frase, na maioria das vezes ridícula e imprópria, correr o risco de levar um tapa, de rirem da sua cara ou de simplesmente não obter uma resposta. Acho que no fundo essas pessoas procuram explicitar algo que existe, mas não é um sentimento direcionado para a pessoa que leva a cantada, e sim para quem realmente gosta. Dessa forma, elas desabafam seu afeto à alguém desconhecido, e não correm o risco de sofrer. É lógico que a cantada não vai amenizar as dúvidas e a insegurança de quem a usa, mas com certeza trará boas gargalhadas durante aquele instante. Esse assunto remete ao fato de que, durante toda a vida, nossos medos guiam muitas de nossas atitudes. Temos medo de se entregar, de correr riscos, queremos sempre medir ao máximo os riscos que corremos. Estamos cada vez mais individualistas, e talvez o romantismo tenha se perdido nesse bonde, onde o tempo para declarações de amor e afeto estariam soltos num caminho que só visa o bem-estar próprio e um futuro promissor, que poderá ser convertido numa estrada bem sucedida e, ao mesmo tempo, solitária.
Ouvindo: Lenine - Paciência
"Até quando o corpo pede um pouco mais de calma, eu sei, a vida não pára..."
Ouvindo: Lenine - Paciência
"Até quando o corpo pede um pouco mais de calma, eu sei, a vida não pára..."